quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Servidores ensinam pintura em azulejos a pessoas com deficiência

Foto dos alunos com deficiência na oficina 
 
Disponibilizar um espaço de inclusão e ao mesmo tempo estimular a criatividade é um dos objetivos da Oficina de Pintura em Azulejo, projeto idealizado pelos servidores públicos Warley Resende e Heloisa Gomides, de Uberlândia (MG). 
Criado há mais de dez anos na cidade, a atividade oferece aulas de arteterapia para pessoas com deficiência todas as segundas-feiras, das 9h às 11h, na Biblioteca Municipal.
A atividade é oferecida por meio da Secretaria de Cultura e atende mais de 20 alunos com Síndrome de Down, autismo, paralisia e outras deficiências. 
“Havia uma demanda por espaços que estimulassem a realização de atividades para pessoas com deficiência na cidade, então nos propusemos a ajudar e montar esse grupo. Eu tinha o conhecimento sobre a pintura e especialização em psicopedagogia. Juntei as habilidades, conversei com a diretoria de cultura e resolvemos possibilitar esse espaço”, explicou o professor da turma, Warley Resende.
Durante a aula, cada aluno ganha um azulejo e, após passarem um creme protetor, iniciam a pintura. Os materiais usados são tinta óleo e materiais alternativos, como panos velhos, palitos de dente e Etil Vinil Acetato (EVA). 
“Primeiro explico o que vou desenhar para que os alunos já imaginem o desenho. Depois faço meu desenho na frente de todos e libero para que cada um faça o seu”, acrescentou Warley.
De acordo com o professor, nas aulas são usados recursos de sombra e perspectiva, além de elementos conhecidos, como sol, céu, casa, montanhas, cachoeiras. 
“Procuro elementos conhecidos pela maioria, pois não adianta propor uma arte muito difícil, que dificilmente todos irão realizar. Não que eu duvide da capacidade dos alunos, mas tem que ser algo alcançável por todos”, comentou.
Noemia Junqueira é mãe da aluna Larissa, de 25 anos, que tem Síndrome de Down. A mãe contou que conheceu o projeto por meio da psicóloga da filha e que no início ficou com receio, pois a filha não gostava de sujar as mãos. Segundo Noemia, antes de encontrar a oficina de pintura ela tentou várias alternativas em escolas particulares da cidade.
“Segui o conselho e a Larissa adorou a aula. Ela foi a primeira aluna com deficiência a ser atendida pelo projeto. Acredito que a atividade melhora não só o lado criativo dos alunos, mas a coordenação motora e tátil. 
Eles acabam brincando com as combinações de cores e paisagens. Todos são muito resistentes a mudanças, mas o professor sabe coordenar bem e tem uma resposta positiva”, ressaltou Noemia.
Para o idealizador do projeto, a atividade procura seguir um modelo que vai de contramão à sala de aula tradicional. 
“O objetivo do projeto é criar um espaço de inclusão para as pessoas com deficiência e seus familiares. Por meio da arte, mostrar outros olhares para esses alunos, levantar a autoestima e também trabalhar a coordenação motora. Muitos pais relutam com a condição dos filhos e se preocupam se o filho fará um trabalho tão bonito quanto o do colega. Mas trabalhamos com humanos diferentes e fazer com que o aluno se sinta importante é o principal objetivo”, relatou Warley.
Além das aulas de pintura, a também fundadora do projeto Heloisa Gomides organiza confraternizações com a turma em datas comemorativas. Carnaval, Páscoa, Dia das Crianças entre outras são pretextopara reunir o pessoal. A tradição começou no espaço de sala de aula, mas hoje é feita na casa da profissional. 
“É uma grande ferramenta para os familiares perceberem os alunos além da deficiência e aprimorar a relação interpessoal com os colegas”, disse Warley.   
 
Projeto
 
Segundo Warley, o projeto foi criado há 12 anos, mas apesar de já ter recebido verba de  governos anteriores, atualmente não faz parte do orçamento do Executivo. Isso faz com que não haja uma projeção para que outras turmas sejam abertas para atender a demanda.
“Desde a criação do projeto, já atendemos mais de 100 jovens e atualmente temos uma lista de espera de mais de 200 nomes. Mas infelizmente não é possível atender todo mundo que nos procura. O justo seria ter mais espaços públicos para desenvolvimento de atividades como essa”, comentou.
Sentimento compartilhado por Noemia, que sente falta de opções de atividade para a filha na cidade. 
“Faltam profissionais para trabalhar com esse público aqui e de um local com estrutura completa e integrada. Temos que pensar que muitos deles já estão acima dos 20 anos e já passaram da fase do ensino fundamental e médio. Isso faz que com fiquem reféns a atividades de lazer variadas para não ficarem em casa dormindo ou apenas assistindo TV. E para isso, é necessário o estímulo de outras atividades”, finaliza a mãe.

Fonte: G1

Deputada Rosinha da Adefal luta pela aprovação do Estatuto da Pessoa com Deficiência

A deputada Rosinha da Adefal acompanha o Estatuto da Pessoa com Deficiência desde sua formulação


Nesta quarta-feira, 17, o Estatuto, agora denominado Lei Brasileira da Inclusão (LBI), foi colocado em pauta para votação. Porém, devido à falta de quórum e sem um consenso entre a base e oposição para a votação do projeto de lei da biodiversidade (PL 7735/14), a votação do Estatuto foi adiada para 2015.
O Projeto da biodiversidade é de autoria do poder executivo, e por estar com urgência constitucional tranca a pauta da Câmara, ou seja, qualquer outro item da pauta só poderá ser votado caso a Câmara vote a proposição ou se o governo retirar a urgência constitucional.
“Desde 2000 tenho me engajado para a formulação e regulamentação de uma lei que defenda os direitos da pessoa com deficiência. Na época já participava dos movimentos sociais e lutava por melhorias, respeito e acessibilidade. Queria que o estatuto fosse votado e aprovado, mas, infelizmente, oposição e governo usaram 45 milhões de brasileiros como escudo para votação do projeto da biodiversidade”, afirmou Rosinha.
Quando a deputada Rosinha da Adefal chegou à Câmara percebeu que o PL 7699/2006, estava com a tramitação parada. Por ser pessoa com deficiência, deputada federal e presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Congresso Nacional, Rosinha se engajou para que o projeto fosse votado. Rosinha lamentou que o governo não ter retirado a urgência do projeto da biodiversidade para o Estatuto fosse votado. “A aprovação da LBI significa ver contemplado o direito de 45 milhões de brasileiros”, afirmou Rosinha.

LBI

A Lei Brasileira de Inclusão estabelece diretrizes para defender e garantir os direitos fundamentais e igualdade das pessoas com deficiência. Durante esses 14 anos foram realizados debates com a participação da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, representantes da sociedade civil, conselhos municipais e estaduais, e diversas associações de pessoa com deficiência de todo o Brasil para a formulação de um texto que fosse consensual.

Fotos: Agência Câmara