domingo, 22 de maio de 2016

Som na tela: Assis Costa e seu multimundo artístico



A primeira parada da excursão Som Sem Plugs no Seridó foi na cidade de Currais Novos. No cronograma, a gravação da segunda edição do projeto Som na Tela com o artista plástico Assis Costa. A luz do pôr do sol sobre a bonita serra de Santana, com visão privilegiada do ateliê de Assis foi o pano de fundo perfeito para a gravação.

O ateliê dividido em dois ambientes, um para desenhar outro para pintar, é recheado de obras de Assis dos mais variados temas. As paredes mostram um pouco do que se traduz suas pinturas, que vão desde paisagens seridoenses à mundos paralelos e surreais da ficção cientifica, com uso diversificado de técnicas e forte efeito, além de muitos retratos de São Francisco de Assis, homônimo do pintor.

Ao lado do cavalete, das tintas e pinceis, uma coleção de vinis e uma vitrola recém adquirida completam o cenário. O processo criativo de Assis está intensamente conectado com a música. “Penso musicalmente, até quando pinto”, explica. Para a produção do Som na Tela, Assis preparou um quadro chamado “Musa do Sol” que usa a clave de sol como base. Na trilha sonora, as músicas etéreas e alucinantes de Jean Michel Jarre e Pink Floyd.

Assis conta que desde criança já tinha interesse pelo mundo das artes confeccionando carrinhos de lata. Começou a estudar desenho aos 12 anos, incentivado pelo amigo Zeca Zenner. Foi aluno do artista João Antônio, uma espécie de midas cultural da cidade, que usava a música como incentivo. Essa época foi definitiva na construção da identidade artística de Assis que aponta João Antônio como sua principal influência. “Ele foi quem abriu minhas portas da percepção”, revela.

O pintor possui uma vasta produção, cuja primeira exposição foi fruto de um trabalho de formação, no início dos anos 90. Assis foi um dos pioneiros no Brasil no uso do vinho como pintura. A série “Dom quixote de las manchas de vinho” ganhou exposição em Natal em 2013. No ano seguinte a exposição “A vindima em vinho tinta” foi destaque na serra gaúcha.

Apesar de muitos personagens, formas e cores diferentes, Assis enfatiza que o principal tema na sua obra é a alegria. Com a música fazendo fluir e dando o ritmo de suas pinceladas o artista segue pintando aquilo que o momento lhe pede, seja neste ou em outros mundos.

Políticas públicas e o mecenato cultural em Currais Novos



No segundo dia da viagem ao Seridó, a equipe do Som Sem Plugs visitou a Casa de Cultura Popular de Currais Novos. A instituição é vinculada a Fundação José Augusto do Governo estadual e é um polo de promoção cultural na cidade há dez anos. Lá conversamos com o agente de cultura, Francinaldo Moura que falou sobre a atuação da casa.

Atualmente, a Casa de Cultura popular, está focada na promoção de projetos em várias áreas, passando pelas artes plásticas, música e festas populares. Francinaldo destaca que a cidade é muito bem servida de artistas e que a cidade é uma das que mais aprovas projetos de captação e financiamento cultural.

Para que as ações se realizem é necessário construir parcerias. Como é o caso da conexão entre a Casa de Cultura e a Fundação Municipal de Cultura, que é comandada atualmente por Manoel Neto. O gestor explicou que a Fundação atua mais no auxilio logístico e que existe uma atenção especial ao uso da cultura como instrumento de educação.




Mas quando as políticas públicas não são suficientes, entra em plano a vontade e a colaboração. Esse é o caso do legado de João Antônio para a cultura Currraisnovense. Conversamos com o artista plástico no Centro Avoante de Cultura, espaço que ele mesmo construiu ao longo de duas décadas.

O centro, inaugurado em 2011, recebe atividades de várias vertentes artísticas em seu anfiteatro encrustado em uma parte alta da cidade. São exposições, oficinas, peças, concertos e intervenções que fazem parte da agenda do centro, sempre aberto a novas propostas e se adequando as demandas.

João conta que este era um projeto que foi idealizado ainda no início dos anos 90 e que foi ganhando adesão e colaboração da comunidade ao longo do tempo. Apontado como um divisor de águas na cidade, João faz questão de ressaltar a ideia da partilha e da coletividade como eixo de desenvolvimento humano. “Em essência nós humanos somos o compartilhar e a arte é a alma de todos nós”, resume.

Além de conversar sobre o centro, João também contou sobre sua arte, sua compreensão sobre cultura e sua história de vida. Este material, assim como a visita à Casa de cultura, irá compor um mini documentário muito bem servido sobre a excursão ao Seridó.