quarta-feira, 18 de maio de 2016

Potiguar busca conquistas históricas na natação na Paraolimpíada

Foto: Ricardo Borges / Folhapress
Se o passado reservou a Joana da Silva Neves, 29, momentos de enfrentamento contra o preconceito por seu nanismo, restrições de comida por sua pobreza e dores agudas por suas quedas na rua devido a seus ossos enfraquecidos, o presente e futuro apontam para conquistas históricas no esporte do país.

Do alto do seu 1,23 metro, a nadadora paraolímpica potiguar é atual campeã mundial dos 50 m livre, classe S5 (no paradesporto, os atletas são separados conforme suas habilidades), ganhadora de cinco medalhas de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, em 2015, e um dos nomes mais promissores para ir ao pódio nos Jogos do Rio.

“Minhas chances [de ganhar medalha na Paraolimpíada do Rio] são boas. Vou fazer o meu melhor e estou muito concentrada. O problema é conter a ansiedade, que é muito grande, quero que chegue logo”, diz.

Os Jogos Paraolímpicos começam no dia 7 de setembro e terminam 11 dias depois.

Mas paciência e apoio familiar nunca faltaram na trajetória de “Joaninha”, como a atleta ficou conhecida.

Começou a nadar em 2003, aos 16 anos, por uma recomendação médica. “Quebrava demais ossos da perna, devido ao meu tipo de nanismo [acondroplasia]. Cheguei a fraturar o fêmur subindo uma escada. Até que fui aconselhada a me exercitar na piscina. Melhorei 100% e virei atleta”, conta.

Treinava à base de força de vontade e de rapadura derretida, que comia com água. O primeiro maiô de competição foi emprestado de uma prima. Ela viajava para disputas com R$ 10 no bolso.

“Comecei a ter bons resultados e consegui um treinador que me dava uma cesta básica todos os meses. Meu pai, que era alcoólatra, começou a deixar o vício e passou a me ajudar mais também. Vencer a fome era muito difícil, mas minha família sempre me incentivava”.

As medalhas na natação também ajudaram Joana a saber enfrentar melhor os olhares carregados sobre sua baixa estatura e seus 36 quilos. “Tinha vergonha de sair de casa, pois era xingada na rua. Era muito constrangedor. Nem à escola eu gostava de ir. O esporte ajudou minha autoestima, abriu meus olhos para enxergar que uma pessoa com deficiência pode ser muito feliz”, disse.

Com a entrada na seleção brasileira paraolímpica de natação, em 2010, e com três bronzes ( 50 m livre, 50 m borboleta e 200 m livre] nos Jogos Paraolímpicos de Londres, em 2012, Joana mudou radicalmente de vida.

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