domingo, 4 de novembro de 2012

Despreparo constrange estudante especial durante prova do Enem em Currais Novos


Um fato triste marcou, o primeiro dia do ENEM, neste sábado (03), em Currais Novos.







Vencendo todas as barreiras que a vida impôs, a estudante Jamilla Fernandes, que tem paralisia cerebral, luta incansavelmente para ultrapassar todas os muros que normalmente fazem parte do seu cotidiano. Mas nada, ou ninguém vai lhes tirar a busca na realização dos seus sonhos, entre eles, a de fazer uma faculdade.




Inscrita no Enem 2012, Jamilla foi surpreendida com o engessamento e a intransigência da organização do concurso, quando praticamente a impossibilitou de fazer a redação. O motivo: não foi permitido que Jamilla tivesse o auxílio de um computador, situação que consegue se expressar com mais agilidade.

“Ela vai balbuciar as palavras e uma pessoa vai descrever”, taxou Aparecida Silva, coordenadora do Enem na escola Professor Humberto Gama, local onde a estudante faz a prova.

O problema é que a coordenadora não foi verificar na sala, a real capacidade da estudante, que não consegue falar. Mesmo insistindo com as monitoras, Márcia Maria e Diana, que acompanharam Jamilla durante a prova, e confirmaram a impossibilidade de expressão através da fala da estudante, a organização insistiu na decisão, segundo ela, com o aval de José Gomes, coordenador do Enem, no RN.
“Não posso fazer nada. A orientação do MEC é receber e aplicar as provas sem questionar, e não adianta entrar em contato com a coordenação estadual, porque ele vai dizer a mesma coisa”.
“Não sei porque botam coordenadores na organização se não sabem resolver nada. Ano passado Jamilla fez o vestibular da Comperve, recebeu todo o apoio e todos os instrumentos que precisava para fazer a prova, eu não quero que ela tenha nenhum tipo de regalia, só que lhe seja respeitado o direito de fazer a prova, afinal ela estudou pra isso. Não sei o que fazem nem a quem recorrer”, desabafa a mãe.
A mãe de Jamilla, Frassinete Fernandes, ainda insistiu e procurou a coordenadora do Enem no município, Maria Gorete, e ela foi conclusiva: Maria Gorete orientou que Frassinete entrasse no site do MEC e tentasse resolver por lá: Frassinete disse ainda que quando fez a inscrição da filha, não tinha especificando no formulário quais seriam os instrumentos necessários, só as necessidades que Jamilla tinha. Ao entrar em contato com o 0800, a pessoa que lhe atendeu informou que a necessidade do aluno tem que ser observada e atendida pelo fiscal da sala, e que não poderia dar autorização, naquele momento, para a aquisição do computador. “Tentei falar com antecedência com o pessoal do Enem, mas ninguém me escutou, fico muito triste que a minha filha tenha que passar por isso”.
No próprio site do Inep tem especificando que “em todo o país, 28.295 candidatos ao Enem solicitaram atendimento especial. Essas pessoas vão contar com tempo adicional de 60 minutos, dependendo do tipo e do grau de suas deficiências, que podem levar o candidato a preencher a prova de forma mais lenta. O Inep assegura também aos participantes do Enem, com deficiência ou mobilidade reduzida, o direito de usar “ajudas técnicas”, como instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida”.
Jamilla ainda não sabe como vai fazer ou se vai fazer a redação, que acontece neste domingo (4). Ela tem uma espécie de plaqueta que tem o alfabeto inscrito, que levou de casa, e a alternativa seria utilizar esse equipamento, mas o problema que marcar letra por letra vai demorar muito tempo e será muito cansativo para a estudante.
Pra aumentar ainda mais a dificuldade, na cidade não há neste final de semana, um juiz de plantão para tentar uma ordem judicial.
Frassinete e Jamilla já analisam a possibilidade de uma reparação judicial.

Fonte: CN Agitos / Blog Taisa Galvão

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